26 de setembro de 2013

O hábito da corrupção

E lá vem aquele senhor de idade avançada, barba por fazer, roupas velhas e rasgadas, cabeça sempre pendente para o lado, talvez por causa de uma doença ou nascimento mesmo, empurrando seu velho carrinho de supermercado, com três galões de água de 20 litros, em sua rotina diária, buscar água para o seus companheiros de rua. Sim, este senhor é um morador de rua. Sempre o vejo. Nunca trocamos uma palavra se quer. É um senhor tranquilo e sempre simpático com o rapaz responsável pela limpeza do banheiro e que está, sem questionar nada, sempre a ajudar este bom senhor. O rapaz responsável pelo banheiro, é uma pessoa educada, trata a todos com simpatia e sorriso no rosto. É sua maneira de trabalhar. Com certeza, o funcionário padrão.
Este rapaz me diz algo que me é estarrecedor, sobre um outro funcionário, do período da tarde, que sem pensar na situação daquele senhor, cobra-lhe, descaradamente, um refrigerante " Dolly " para que. o senhor possa pegar mais água a tarde.
Comento com o rapaz da manhã, que isso é o velho hábito da corrupção, já que a água, é uma dádiva sagrada e jamais deveria ser comercializada.
A companhia do ''Metrô'' já é o suficientemente rica para negar água a quem tem sede, mas o caso não é com a empresa em questão. Trata-se de uma funcionário de uma contratada do ''Metrô'' para a manutenção diária de seus inúmeros banheiros.
Percebo aí, uma prática pertinente a qualquer setor e classe da sociedade brasileira, a famosa e danosa corrupção.. É cruel e desumano que, um ser pobre de recursos, mas que trabalha, logo é um assalariado, corromper um outro pobre, sem qualquer recurso na vida e que vive a míngua da sociedade, negar- lhe o direito a um galão de água, porque este não pode lhe dar um refrigerante Dolly.
Qual é então, o caráter do cidadão brasileiro?
Onde está sua educação e bom senso?
Com que direito, o rapaz do turno da tarde, faz uma coisa desta?
Não é a toa que nossos políticos, fazem a " festa " com a vida dos brasileiros. E por que?
Porque o brasileiro é conivente.
Aprendem, desde cedo, a margem da pobreza, a arrancar do meio onde vivem, dentro de suas próprias comunidades, os que consideram ser seus irmãos da miséria.
O que se pode esperar de um povo deste, que se vale da falta de sorte alheia, para cobrar-lhe um medíocre guaraná?
Não se pode esperar absolutamente nada! É revoltante e degradante até.
Ouço isso e o silêncio me domina. Tenho vontade de gritar a plenos pulmões o que se passa em cabeça, ao ouvir algo assim, mas é melhor não. Eu jamais iria solucionar tal problema.
Continuo por ali afim de terminar meu dia e voltar para a minha casa, e dar continuidade a minha vida. Afinal, sou brasileiro e não desisto nunca.